A flexibilidade do Power BI, no que concerne à criação de visualizações, é tão grande, que nos induz, naturalmente, a explorar todas as possibilidades oferecidas.
Neste sentido, partimos para outras tecnologias, como o Power Point, da própria Microsoft, ou mesmo o Figma – novo queridinho da comunidade – para criar planos de fundo e outros elementos, onde exploramos ao máximo as possibilidades de cores, degrades, sombras, contornos etc. Tudo para que o design do dashboard fique o mais próximo possível daquela perfeição que imaginamos.
Neste ponto, acabamos por ignorar muitos dos recursos que o próprio Power BI nos oferece neste sentido, e não raro, criamos, nestas ferramentas externas, um layout que engessa o processo criativo, e impõe um padrão de diagramação que não corresponde à necessidade do projeto, e dificulta muito a evolução do projeto no que diz respeito à novos indicadores ou correções.
O objetivo deste artigo, é demonstrar e ilustrar alguns destes recursos nativos do Power BI Desktop, que ajudam na criação de um relatório profissional, de alta qualidade.
Em primeiro lugar, é necessário entender a interface de relatório do Power BI, e como ela se comporta:
A área destinada à criação das visualizações, destacada em verde na imagem acima, é dividida em pixels. Desta forma, ela se adequa automaticamente à resolução do monitor em que estamos trabalhando.
Por padrão, ela possui a mesma configuração de um slide do Power Point: uma proporção de 16:9, com 1280 pixels de largura, por 720 pixels de altura. Mas podemos utilizar outros presets, ou personalizar completamente esta configuração, através dos recursos disponíveis no painel de "Formato", acessível à direita da tela:
Para acessá-lo, é necessário clicar no Plano de Fundo, para que nenhum visual esteja selecionado, e clicar no atalho em forma de gráfico com um pincel azul, no "Alternador de Painéis", na borda direita da tela.
Na seção "Configurações de tela", como mostra a imagem, é possível escolher entre os formatos pré-determinados, em "Tipo". Dentro desta lista, a última opção, "Personalizar", nos permite determinar a exata dimensão em pixels que desejamos para a largura e altura da página.
Com isto, ganhamos a possibilidade de atender literalmente qualquer requisito de projeto que recebamos.
Ao olharmos com atenção para o menu "Exibição", notamos ao centro da faixa de opções, o grupo de comandos "Opções de página", onde identificamos três importantes recursos que nos ajudam à organizar os elementos visuais dentro da página.
Quando habilitamos o recurso chamado “Alinhar à grade”, alteramos a forma como os elementos visuais são posicionados e dimensionados na área de relatório: tanto o posicionamento, quanto o dimensionamento do visual, obedecerão um padrão imposto pelo recurso, que vai variar de acordo com a resolução padrão do monitor com o qual estivermos trabalhando.
Para entender melhor, vamos abordar nossas ações SEM o recurso, ou seja, trabalhando no modo natural. Desta forma, conseguimos dimensionar e posicionar os elementos de forma livre, deixando-os de qualquer tamanho, e em qualquer posição dentro da página, sempre obedecendo os pixels.
Se utilizamos, neste modo natural, as setas do teclado, por exemplo, para posicionar qualquer elemento visual, este se desloca a distância de 1 pixel para a direção da seta que for teclada. Observando a situação inicial, com o auxílio do painel de "Visualizações", à direita, especificamente na seção "Propriedades" (selecione o elemento visual para acessá-lo):
Fazendo o movimento, clicando o botão seta para a direita:
Isto se repetirá sucessivamente, tantas vezes quantas se clicar nas setas, para qualquer das direções.
Apesar de parecer bom tal liberdade, trabalhar neste modo dificulta bastante o correto processo de dimensionamento, posicionamento e alinhamento dos elementos visuais, pois nenhum padrão é estabelecido, e tendemos a nos perder entre os movimentos aleatórios do mouse ou do touchpad, e o famigerado “golpe de vista”.
Mesmo que utilizemos os recursos de “Alinhamento automático”, disponíveis no menu contextual “Formato”, que aparece na parte superior da tela, sempre que selecionamos algum visual, o resultado não será de todo satisfatório, pois o distanciamento entre os elementos permanecerá desproporcional, em virtude do dimensionamento inadequado de cada um.
Por outro lado, ao trabalharmos com o recurso “Ajustar à grade” ativado, estas três ações – dimensionamento, posicionamento e alinhamento – passarão a acontecer obedecendo ao padrão automático, estabelecido em pixels, para a resolução da tela que estivermos utilizando: 16 pixels para telas HD, e 8 pixels para telas Full HD.
Como isto acontece sistematicamente, tal padrão controla o tamanho de cada visual, sua posição, e o alinhamento em relação aos demais, mantendo para estes três aspectos, o mesmo padrão.
Isto confere harmonia visual à diagramação e transmite ao usuário final, leitor do relatório, a sensação de conforto necessária para manter sua atenção nos dados e informações que estão sendo apresentados, objetivo principal do dashboard.
Na próxima imagem, as setas verdes mostram os problemas mais comuns: os visuais estão corretamente alinhados, porém com o espaçamento entre si totalmente sem padrão:
Antes de qualquer coisa, para o visualizador, fica o incômodo: espaços sobrando, passando a impressão de desarmonia e falta de atenção.
Utilizando o recurso citado, para impor o padrão de pixels para as três ações descritas aqui, conseguimos, com pouco esforço, mudar o cenário:
Observando atentamente as bordas cinzas dos elementos, é facilmente percebível que o distanciamento entre todos os elementos visuais obedece um padrão.
Podemos aplicar uma cor cinza ao fundo, para destacar este aspecto. Para tal, precisamos clicar no plano de fundo da tela, para que nenhum elemento visual esteja selecionado, e assim, termos acesso à alguns dos recursos primários que o Power BI nos oferece para trabalhar em nível de página, os quais revisaremos à partir deste ponto, para melhor compreensão:
Neste menu, conseguimos alterar diversos aspectos da página que estiver sendo editada:
Em “Informações da página”, podemos alterar seu nome, e definir se ela poderá ser utilizada como “Dica de Ferramenta” e/ou se aceitará a aplicação do recurso de “Perguntas e Respostas”.
Em “Configurações de tela”, podemos alterar a proporção dela, suas dimensões, e seu alinhamento vertical em relação à tela do computador.
Por padrão, é sempre adotado o padrão “16:9”, a dimensão HD, de 1280x720 pixels, e o alinhamento vertical depende do que foi configurado nas configurações da aplicação: se topo do papel de parede ou meio.
Em “Tela de fundo”, podemos alterar a cor da área gráfica, onde inserimos os visuais.
Tais cores serão as do tema escolhido.
Ainda podemos inserir uma imagem para esta área, e trabalhar o aspecto da transparência em relação ao Papel de Parede.
As mesmas opções de edição estão disponíveis para o “Papel de parede”, que corresponde à área que fica atrás da área gráfica, ou seja, constituindo o fundo da tela, e que também está por trás do Painel de Filtros.
Aqui também podemos trabalhar as cores, fazer a inserção de uma imagem e utilizar o recurso da transparência para enriquecer a visualização.
Em “Painel de filtros”, podemos editar todos os seus aspectos visuais: sua cor, transparência, fontes, bordas, tamanho, caixas de entrada de texto.
Se uma imagem for inserida no Papel de Parede, ela será visível atrás do Painel de Filtros, em caso de estabelecer algum grau de transparência para ele.
Recursos semelhantes estão disponíveis na seção “Cartões de filtro”, um complemento do Painel de Filtros.
Aqui também é possível editar suas características, como cores, fontes, transparência, bordas etc.
O nível de personalização é total, e podemos alterar radicalmente a aparência do elemento visual.
Nas próximas partes deste artigo, abordaremos algumas transformações mais profundas, utilizando estes recursos citados. Por ora, vamos alterar somente a cor da “Tela de Fundo”, como exposto inicialmente, para um cinza mediano, de modo que consigamos visualizar melhor o distanciamento entre os elementos visuais do nosso relatório de exemplo:
Deste modo conseguimos avaliar melhor o espaço que temos disponível para a composição como um todo, e com isto, posicionar os elementos com liberdade, e nos ater a outros aspectos, como alterar a cor do fundo, que podem enriquecer a visualização como um todo.
Com um pouco mais de edição, conseguimos reposicionar os elementos existentes e acrescentar alguns novos, mantendo o contexto geral da exibição, e melhorando consideravelmente o aspecto geral, suavizando as bordas dos elementos, e o tom da cor de fundo:
Ao não fixar a posição dos elementos com um fundo pré-definido, conseguimos avaliar com mais fluência os requisitos do projeto, e aproveitar melhor os espaços, redimensionando e reposicionando os elementos visuais de forma a seguir as melhores práticas de entendimento, como a orientação em “Z”, por exemplo, mantendo o que é mais importante e urgente no canto superior esquerdo, e seguindo para a direita, e abaixo, simulando nosso modo de leitura.
O recurso de “Alinhamento à grade” – concomitante ao uso de recursos de teclado, como as teclas de seta - garantirá que tudo fique proporcionalmente dimensionado, posicionado e alinhado.
O objetivo deste artigo, complementando o exposto no início, não é desmerecer ou reduzir a importância de quaisquer outros métodos de trabalho, mas somente dar destaque à um específico, de natureza simples e direta, que em muito pode contribuir para os resultados de profissionais que tem menor apego e dedicação ao aspecto visual dos relatórios, e principalmente àqueles que estão começando agora sua jornada de aprendizado, e que precisam, antes de tudo o mais, ter plena consciência do que oferece a tecnologia objeto de seu estudo, em termos de recursos.
Nas próximas partes deste artigo, detalharemos outros recursos visuais muito interessantes, disponíveis diretamente no Power BI Desktop.